quinta-feira, 3 de março de 2011

ESTRIMILIQUE

No cotidiano de nosso trabalho nos deparamos com casos de diagnóstico e tratamento complicados porque fogem dos padrões habituais.

Outro dia, atendendo pela primeira vez uma garota. Após os cumprimentos e apresentações; perguntei á mãe: Qual o problema da sua filha?
Estrimilique Dr!
Estrimilique?
O que ela sente? O que acontece com ela?
Ela perde os sentidos; caí; tem “repuxamentos musculares” tão fortes que o ombro costuma sair do lugar.
Já passou no neurologista?
Já, em vários, até em psiquiatra. Já fizemos todos os tipos de exames e não dá nada. Não é Epilepsia, Grande Mal, Pequeno Mal, Ausência; ninguém sabe dizer o que ela tem.

Anotando seu histórico, há sintomas estranhos que não se enquadram nem em Piti nem em doenças conhecidas e tratáveis. Embora os sintomas dos Pitis possam depender muito da criatividade do Ptiático; nenhum deles que se preze chega ao ponto de manter espasmos musculares prolongados nem outros sintomas que a garota apresentava; além do mais, sempre desmaiam em locais acolchoados e protegidos; tomam muito cuidado ao desmaiar; só o fazem em lugar seguro.

No seu histórico de infância constava chorar até “perder o fôlego”; alguns episódios de birras, manhas – mas, nada de desmaios e espasmos; enfim, os sintomas do Estrimilique começaram com as primeiras menstruações – mas não dá para os encaixar em sintomas típicos de TPM – Além disso, ela tinha esses “ataques” também fora da época da época da menstruação.

Um dado interessante é que os sintomas do Estrimilique continuavam mesmo com uso de medicamentos receitados pelo neurologista e pelo psiquiatra – ela ficava dopada; mas o danado do Estrimilique; não.

Até mesmo o tratamento homeopático não surtia os efeitos esperados; apenas os sintomas ficavam mais espaçados e fracos; mas, depois retornavam.

Casos médicos estranhos como essa “Sindrome do Estrimilique” costumam ficar sem rótulo nem diagnóstico e tratamento.
Em alguns casos os sintomas somem tão misteriosamente como apareceram.

Presumo que nesse caso em particular, esteja em andamento um processo obsessivo sob encomenda e desenvolvido por hábeis magnetizadores a serviço de alguém do Além ou daqui.
A desobsessão já havia sendo tentada; mesmo a contragosto, e apenas por não saber mais o que e onde procurar a família buscou um local para “tratamento espiritual”; mas, logo desistiu; pois as crises aumentaram e o milagre não aconteceu.
As pessoas fazem uma imagem equivocada dos processos obsessivos, a maioria imagina o popular encosto que vai ser convencido a deixar sua vítima com simples conversa; e o processo se resolve de maneira mágica – Muitas pessoas não sabem da existência de especialistas no astral que executam esses serviços com maestria – Raras conhecem a forma deles de atuar com tecnologia através de chips implantados no corpo astral causando sintomas não explicáveis pela nossa tecnologia médica disponível no momento.

Estrimilique é uma doença que vai para minha coleção das não tão raras assim; mas muito misteriosas.

Um comentário:

  1. Amei o texto! Sou professora e nosso aluno sempre tem uns estremeliques, procurei no Google e encontrei esse texto, amei vou escrever no relatório!

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