quinta-feira, 7 de abril de 2011

DIA NACIONAL DE PARALISAÇÃO DO ATENDIMENTO MÉDICO AOS CONVÊNIOS

Parte dos médico hoje aderiram ao dia nacional de paralisação do atendimento aos convênios de saúde (07/04).
A idéia básica é alertar a população para as precárias condições de remuneração e de condições de trabalho.

Aproveitamos o evento para reflexão tanto de pacientes como de profissionais da saúde.

O sistema tende a falir; os motivos são muitos; dentre eles:
O cotidiano atual aumenta a demanda nos serviços de saúde, pois vivemos experiências múltiplas e simultâneas; mas, a capacidade de adaptação é lenta frente a velocidade com que se processam as transformações desencadeadas pelo aumento do conhecimento que dobra em curto espaço de tempo, seguido de tecnologia que induz ao consumo desenfreado. Quando impossibilitadas de participar dessa “ciranda”, as pessoas, passam a sofrer de estresse crônico, entediam-se, frustram-se, intoxicam-se pela comida, drogam-se pelo álcool, cigarros, medicamentes, ou tóxicos e adoecem em larga escala.
Em virtude da lei da oferta e da procura, o mercado financeiro proporcionado pela inevitável mercantilização da medicina está sempre em constante expansão.

SEGURO - SAÚDE – O - ATRAVESSADOR
Adoecemos em larga escala, e numa sociedade onde tudo se vende e compra; lógico que esse promissor mercado seria explorado. O seguro - saúde é um intermediário entre o “produtor de saúde” (recursos médico - diagnósticos) e o “comprador de saúde” (doente em potencial) que compromete boa parte de seus ganhos para ter garantido o acesso a esse mercado de saúde.

A concorrência entre eles é acirrada; e com isso a sofisticação inócua aumenta, o que gera aumento de custos sempre repassados ao consumidor; e quando diminui o lucro cortam-se os custos remunerando mal o “produtor de saúde” e afins, pois a lucratividade não pode diminuir; essa ciranda torna a relação médico – paciente cada vez mais superficial e até antagônica.

SAÚDE DE MERCADO
Pagando muito, o consumidor sente-se no direito de usar e abusar; e como vingança inconsciente pelo preço que tem que pagar, abusa mesmo; porém, tudo na vida tem um preço; e o “castigo” logo vem na forma de descobertas ocasionais que não interferem na longevidade ou na qualidade de vida, mas a partir do conhecimento de sua existência martirizam.
Na nossa cultura de saúde – se o paciente vai ao médico e não sai de lá com uma extensa lista de exames a serem feitos e depois na volta não sair sem uma extensa lista de remédios: o médico não é “bom”.

O “produtor de saúde” luta contra o relógio; mal remunerado pelo contratante encurta as entrevistas, e para sobreviver tem que trocar qualidade por quantidade; delega parte do raciocínio diagnóstico aos exames complementares que tornam-se exames de diagnóstico sem que o sejam; isso acarreta perda da confiabilidade em todas as partes do processo com prejuízo para todos.

Essa situação gera um paradoxo, pois o consumidor fica mais satisfeito quanto maior seja a quantidade de exames solicitados; porém alguém deve pagar por isso, e o ônus vai para o doente em potencial (contratantes) na forma de aumento de custos; e para o agente de saúde, através da piora na remuneração...

Onde fica a:
SAÚDE PÚBLICA
O esperado é que as instituições públicas fossem capazes de atender à demanda da população; principalmente em comunidades de baixa renda e pouca cultura; mas na prática o que se vê, é que suas necessidades não sensibilizam os responsáveis pela política de saúde mais voltados para o financeiro do que para o social; além do desvio de recursos do sistema ou o mau uso que se faz deles. Não é difícil nem impossível superar as deficiências do sistema, porém, falta coragem, vontade, discernimento e humanismo. Isso, conduz ao mau gerenciamento dos recursos disponíveis. Os desvios podem ser combatidos, desde que, exista vontade política. Mas vontade política significa cobrança. Nas sociedades onde predominam cidadãos acomodados não se cobra nada: implora-se, esmola-se; portanto não existe vontade política. A somatória desses fatores resulta num sistema mortal para quem precise dele, além de ineficaz.
Em virtude do descontentamento de ambas as partes as relações entre profissionais de saúde e pacientes públicos tendem a tornar-se ásperas, sofridas e desesperançadas; situação injustificável.

Mais um dia de protesto inócuo; mas que pode conduzir a alguma reflexão.

Ao menos que os médicos e as instituições aproveitem o dia sem atendimento; para colocar em “dia” tanta burocracia e papelada de faturamento; que os convênios “inventaram”; para diminuir a cobrança indevida de muitos profissionais pobres em ética – mas, muito dessa burocracia é para glosar, demorando a pagar – enfim: jogo de interesses.

Esperamos que o dia sirva para alguma reflexão capaz de melhorar o sistema.

Namastê.

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