Déficit de Atenção e Instabilidade Psicomotora ou Síndrome Hipercinética
“Esconde tudo que possa ser quebrado, que fulano vem vindo aí, e aquele filho deles...” O indivíduo hipercinético ou instável psicomotor é o popular “capetinha” ou “bicho-carpinteiro” que não consegue prestar atenção em nada. É uma pessoa que atua de maneira confusa e intuitiva, não consegue utilizar os encadeamentos, as oposições ou as confrontações do raciocínio lógico; possui boa memória imediata para fatos concretos, porém não é capaz de ordenar os fatos no tempo; tem grandes dificuldades em lidar com o fator tempo. Necessita dispersar energia; é como se estivesse em curto-circuito, liga e desliga todo o tempo. E nem sempre é mal/educado ou mal/treinado...
Características:
São afetados por todos os tipos de estímulos externos, sendo incapazes de inibir sua necessidade de dispersão; não conseguem fixar sua atenção em algo por muito tempo; elas se fixam tanto nos detalhes quanto no conjunto, mas qualquer atividade ordenada lhes causa fadiga. Tem sua atenção no que estão fazendo tirada por estímulos que outros nem sequer chegam a perceber como a buzina de um automóvel, o vôo de um inseto, numa sala de aula são capazes de encantar-se com detalhes num lápis ou numa borracha que as outras crianças nem notam. Esquecem-se com freqüência dos detalhes de suas atividades diárias. Nas relações sociais, a desatenção pode manifestar-se por freqüentes mudanças de assunto, por não serem capazes de fixar-se naquilo que está sendo falado e por se distraírem com tudo o que os cerca.
Por funcionarem em curto-circuito, estão sempre aptos a realizarem muito bem tarefas que requeiram muita energia em pouco tempo. Elas irradiam tanta energia no que fazem; que contaminam os que estão à sua volta; e quando em idade escolar freqüentemente transformam-se num foco de perturbação para a execução de qualquer tarefa em sala de aula que exija um esforço constante de atenção e de elaboração mental; o que, ocasiona conflitos com professores; com a escola e dentro da família. Quase sempre pais e educadores por falta de conhecimento do problema interpretam esse distúrbio como um ato voluntário; devido a isso, essas crianças são ajudadas ou tratadas de forma inadequada.
Sinais que podem conduzir ao diagnóstico precoce da SDAH
a) No bebê alguns sinais podem indicar um possível desenvolvimento da SDHA mais tardio como: períodos de sono mais curtos; despertar várias vezes à noite; chorar sem motivo aparente; cólicas abdominais freqüentes e mais fortes que o habitual; alto grau de insatisfação e desconforto. Os bebês e as crianças pré/escolares hiperativas diferem das crianças ativas por estarem constantemente inquietas e envolvidas com tudo que ocorre ao seu redor; movem-se o tempo todo e rapidamente, correndo de um lugar para outro, subindo em móveis; os maiores apresentam dificuldades para trabalhos em grupo durante a pré/escola (atender a uma ordem, sentar-se para ouvir uma história, etc.).
b) As crianças em idade escolar têm comportamentos parecidos; mas em geral com menos intensidade e freqüência que os bebês e os pré/escolares. Têm dificuldades em permanecer sentadas durante a refeição; enquanto fazem lições ou assistem a um programa de televisão. Manuseiam objetos compulsivamente e batem com as mãos ao mesmo tempo, que balançam pernas e braços. Com freqüência falam demais e podem fazer ruídos durante atividades tranqüilas. São impulsivos e impacientes. Não protelam respostas, que são proferidas antes mesmo das perguntas terem sido completadas. Não conseguem aguardar sua vez, invadem com freqüência ambientes como consultórios médicos onde estão sendo consultados outros pacientes que os antecedem. Interrompem a conversa dos outros. Costuma agarrar objetos de outras pessoas; tocar em coisas sem permissão e fazer palhaçadas para chamar a atenção. Por não conseguirem controlar seus impulsos correm sempre riscos de provocar ou sofrer acidentes (como por exemplo, derrubar objetos e colidir com pessoas, segurar e deixar cair objetos quentes). Essas manifestações de comportamento estão sempre presentes em qualquer local onde se encontrem.
c) Em adolescentes e adultos, por contenção própria ou educacional, estes sintomas assumem a forma de sensações de inquietação e ansiedade exacerbada e dificuldade para se envolver com atividades tranqüilas ou sedentárias.
Diagnóstico
O diagnóstico do problema é sempre clínico e raramente essas crianças são portadoras de outras lesões ou distúrbios que podem acompanhar o quadro. Embora, muitos costumem apresentar alterações na coordenação motora e inadequação espaço/temporal.
O diagnóstico deve ser cuidadoso e criterioso, uma vez que vários conflitos circunstanciais podem se manifestar através de comportamentos semelhantes (lares ou ambientes caóticos, desorganizados e conflituosos). É fundamental constatar-se esse padrão de comportamento por um período de seis meses, em ambientes diferentes. O diagnóstico diferencial sempre deve ser feito com a ajuda de um neurologista.
Critérios diagnósticos para Transtornos de Déficit de Atenção-Hiperatividade
A) Relacionados à Desatenção
Se seis ou mais sintomas de desatenção persistirem por pelo menos seis meses, pode-se caracterizar a criança como portadora do distúrbio. São eles:
• Falta de atenção a detalhes ou erros freqüentes por descuido em atividades escolares de trabalho ou outras atividades;
• Dificuldade para manter a atenção em tarefas ou brincadeiras;
• Dificuldade para escutar quando lhe dirigem a palavra;
• Dificuldade para seguir instruções e para terminar tarefas escolares ou domésticas;
• Dificuldade para organizar-se em tarefas ou atividades;
• Relutância em envolver-se nas tarefas que exigem esforço mental constante;
• Perda freqüente de objetos necessários à realização de tarefas ou atividades;
• Distração fácil por estímulos alheios à tarefa;
• Esquecimento freqüente de atividades diárias.
B) Relacionados à Hiperatividade/Impulsividade
A persistência de pelo menos seis sintomas por mais de seis meses também ajuda a caracterizar a criança portadora do distúrbio.
Tais sintomas são:
1)Hiperatividade
• Agitação freqüente de mãos e pés, com dificuldade para se aquietar na cadeira comendo, em sala de aula ou em situações nas quais se espera que permaneça sentada;
• Inquietude extrema; ela faz tudo com pressa, correndo;
• Falar demais;
• Correr ou escalar objetos com freqüência, em situações nas quais isso não é apropriado;
• Dificuldade para brincar ou se envolver em silêncio em atividades de lazer.
2) Impulsividade
• Respostas precipitadas, emitidas antes de terminada a pergunta;
• Interrupção habitual dos assuntos dos outros (por exemplo, conversas ou brincadeiras) ou ainda intromissão freqüente nos mesmos;
• Dificuldade para aguardar sua vez.
Problemas causados pela instabilidade psicomotora
a) Transtornos da afetividade: essas crianças apresentam um excesso de expressão nas emoções e uma ambivalência nas reações. Que se manifestam; por exemplo, por acessos de cólera que se transformam rapidamente em carícias, dores que aparecem e somem sem ajuda, tristeza que se transforma em repentina alegria.
b) Transtornos psicológicos: dependendo da idade, apresentam pouca tolerância à frustração; acessos de raiva nos quais agridem tudo que estiver à sua volta; até a si próprios; atirando-se ao chão puxando os próprios cabelos; denotam caráter dominador; são teimosos; insistentes em suas solicitações até á obstinação; apresentam instabilidade de humor; são impulsivos e impacientes; e muitos denotam baixa auto-estima.
c) Transtornos de conduta: atos de indisciplina com arrependimento quase imediato, necessidade constante de mudanças e de movimentos, palavras e gestos entrecortados por outros.
d) Transtornos de sociabilidade: quase sempre são rejeitados por seus companheiros, desenvolvem relacionamentos complicados com a família e com os professores. As manifestações por impulsividade comportamental e cognitiva acarretam um desgaste emocional do indivíduo, bem como de seus familiares e educadores.
Os sintomas são agravados:
Em situações que exigem atenção ou esforço mental constantes; ou mesmo naquelas que não possuem um apelo interessante como ouvir professores, realizar tarefas escolares, escutar ou ler materiais extensos ou trabalhar em tarefas monótonas e repetitivas; participar de reuniões sociais ou eventos religiosos que exijam concentração e silêncio.
Os sintomas são atenuados:
Algumas vezes os sinais podem ser atenuados ou estar ausentes quando o indivíduo se encontra sob controle rígido; em uma situação nova; em uma atividade muito interessante; ou quando a atenção é dirigida a ele.
Na maioria das vezes os sintomas atenuam-se de forma importante na adolescência e na idade adulta. Muitas vezes por contenção ou por terem sido bem cuidados na escola que tem uma importância capital na evolução do problema.
Origem do problema:
Sem dúvida ao nascimento a criança já traz consigo o gérmen do distúrbio, a tendência a predisposição que pode ser desencadeada ou acentuada por fatores ambientais e sociais. Nota-se que o número de casos aumenta a cada dia em função de vários fatores ambientais como: o excesso de estímulos propiciado pela vida moderna pela mídia, pelos artefatos e brinquedos lúdicos altamente estimuladores com sons, cores; o despreparo dos pais já que até os dois anos de idade tudo que a criança faz é motivo de encantamento e de orgulho.
O conceito médico mais atual é o de que há uma imaturidade de algumas áreas do sistema nervoso central. Essas áreas são os centros cerebrais responsáveis pelos mecanismos de atenção e concentração, pela inibição dos impulsos e pela organização das funções motoras. Desse modo as vias que transmitem os sinais nervosos estão com os neurotransmissores desregulados dificultando a condução do estímulo.
Prognóstico e Escolaridade
A síndrome do Déficit de Atenção-Hiperatividade está diretamente relacionada à escola; pois é responsável, muitas vezes, pelo baixo rendimento escolar, ocasionando repetências e problemas de aprendizagem. O comportamento desorganizado da criança leva muitas vezes à mudança de escola; pois, apesar de uma inteligência normal elas não são capazes de prestar atenção nas aulas; com isso distraem também seus colegas de classe; têm dificuldades em fazer as lições de casa; pela dificuldade em manter a postura adequada logo; tornam-se impopulares e até rejeitados pelo grupo.
Tais crianças passam a ser rotuladas de endiabradas e desobedientes, necessitam de medicamentos e técnicas de memorização para que possam realizar as tarefas escolares.
As escolas, de maneira geral, lidam mal com o problema por desconhecimento deste transtorno; pelo cumprimento de suas normas de maneira rígida e pela falta de parceria com outros profissionais: psicopedagogos, psicólogos e fonaudiológos; estes profissionais deveriam obrigatoriamente acompanhar a evolução dessas crianças, orientando pais e educadores.
É necessário também que os profissionais conheçam as fases evolutivas da criança para não confundir ataques de birra, negativismo, oposição, dificuldade de aceitar limites e outras características com o quadro de hiperatividade.
É preciso também não confundir a SDAH com as crianças com Q.I alto ou baixo; que podem se tornar desinteressadas ou desajustadas em sala de aula necessitando de outro tipo de abordagem.
A SDAH aparece antes dos sete anos de idade e não tem cura medicamentosa, costuma haver uma melhora do quadro à medida que a criança recebe a ajuda necessária e quando atinge a idade adulta. Porém muitos adultos são mais predispostos aos transtornos da ansiedade e distúrbios de personalidade, alterações de humor.
Sugestões de como lidar com crianças Hiperativas em sala de aula
• A rotina de classe deve ser clara e previsível.
• Devem ficar afastadas de portas e janelas para evitar que se distraiam com outros estímulos.
• As salas de aula devem ser claras possibilitando boa visão.
• Devem ser colocadas nas primeiras carteiras e no centro da classe.
• Deve-se manter sempre o contato visual quando se fala com elas.
• As atividades didáticas devem ser intercaladas (alto e baixo interesse) durante os dias evitando a concentração de um mesmo tipo de tarefa.
• Ordens e instruções devem ser dadas por frases curtas, recomendando-se ao professor para que se certifique de que houve compreensão por parte das crianças.
• Algumas delas necessitam de um acompanhamento especial procurando-se estimulá-las nas tarefas.
• Deve-se permitir a essas crianças atividades na sala de aula nas quais elas possam se locomover (recolher material, apagar a lousa, etc.).
• É recomendado ao professor que permita a saída desses alunos da sala de aula quando estiverem muito agitados para que refaçam o auto/controle.
• Os profissionais envolvidos na educação dessas crianças devem manter permanente contato com os pais, solicitando-lhes que acompanhem as anotações nos cadernos, que verifiquem as tarefas enviadas...
• O professor deve procurar incentivar e elogiar essas crianças, reforçando sua auto/estima.
• Crianças hiperativas são melhores sucedidas em classes pequenas.
• O professor deve explicar aos demais alunos o porquê de determinadas atitudes com aquelas crianças, evitando, assim, ciúmes e rivalidade.
Essas crianças podem receber uma ajuda considerável com o uso de terapias que atuem diretamente na energia vital como: Homeopatia, Florais, Acupuntura, Reiki – E tratamento espiritual especializado; pois, essas crianças são mais vulneráveis a influências energéticas; tanto de encarnados (pois, são vistas como bicho carpinteiro, capetinhas pelas pessoas em torno – tirando os pais são pouco ou nada amadas) – pela somatória dos fatores; elas estão sempre mais vulneráveis; ás influências de desencarnados.
sábado, 27 de fevereiro de 2010
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Olá! Ótimo artigo sobre TDAH. Meu filho de 3 anos e meio tem praticamente todos os sintomas descritos, mas ele ainda não fala. O atraso na fala pode estar relacionado ao TDAH?
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