A SELEÇÃO HUMANA ATRAVÉS DO ESTRESSE
Fala-se demais em estresse; para muitos ele se tornou desde uma justificativa até um álibi, uma desculpa – usamos o conceito como se o estresse surgisse sem nossa permissão. Aprender a distinguir o agudo do crônico pode ser útil e até fundamental; tanto para a qualidade de vida quanto para continuar vivo.
O QUE É O ESTRESSE?
É um poderoso recurso da evolução das espécies, Estar sob risco, é viver.
Todo ser vivente experimenta situações de “perigo”; estar vivo já é uma situação de risco e estresse; sobreviver e assegurar a continuidade da espécie, envolve uma infinidade de crises na vida de cada criatura e do grupo biológico ao qual pertence.
A repetição e a alternância entre as necessárias situações de estresse agudo e, os períodos de calmaria, permite a incorporação do aprendizado celular, orgânico, aprimoramento dos instintos e da inteligência que trazem consigo - o organismo necessita de um tempo para se recuperar; caso contrário, definha ou adoece, e o ser morre.
Todas as reações dos seres vivos e o desenvolvimento dos instintos são aceleradas pelas situações de crises de sobrevivência que, chamamos de reações de estresse; “a hora em que o bicho pega”.
Na vida animal, as reações ao perigo são sempre reais, ocorrem de verdade. A reação a ser desenvolvida é: atacar, defender ou correr. Quem não consegue; morre ou é devorado.
Nós temos um problema: quer queiramos quer não, pensamos. O pensar de forma contínua é irreversível, e nos leva a escolher, a tomar atitudes ou a sonhar, fantasiar. Escolhas referendadas pelas atitudes geram efeitos em si, nos outros e no ambiente em que vivemos. Então, o candidato ser humano deveria analisar melhor o que pensa para não ficar inventando problemas, imaginando dificuldades, alimentando o medo e a ansiedade doentia - chamam a essa atitude: paranóia. O organismo não é capaz de separar realidade de ilusão; daí que esse estilo de vida de estar sempre em perigo pode tornar-se mortal e quase irreversível; pois, sonhos ou imaginações mesmo que não sejam postos em prática, não sejam executados, são capazes de ativar instintos, emoções, e de levar o organismo a produzir substâncias, mediadores químicos ou hormônios, relacionados ás informações bioquímicas enviadas como sinal de perigo; tudo isso, atua no corpo físico; e de retorno devolve à mente sensações desagradáveis e doentias.
COMO O ORGANISMO REAGE?
No dia a dia essas situações são provocadas pelas mais variadas situações agressivas: calor, frio, infeções, drogas, toxinas, processos mentais, psicológicos, descontrole emocional, estafa. Qualquer que seja o agente agressor a resposta cria um estado de sofrimento (tensão) que, se prolongado afeta o indivíduo como um todo; mesmo que seja um agente mental - emocional ilusório. A resposta que o corpo dá envolve vários órgãos e sistemas fazendo com que funcionem em excesso e de forma descontrolada. O próprio sistema de defesa pode começar a gerar danos secundários (doenças auto – imunes).
Quando passamos por situações de perigo ou sofremos uma agressão o organismo responde de forma seqüencial.
1- Reação de alarme.
2- Fase de resistência.
3- Fase de exaustão.
4- Doença – morte.
Reação de alarme:
É a soma de todas as reações para as quais o organismo não está ainda adaptado. Caso a agressão seja moderada é possível a recuperação.
Fase de resistência:
A adaptação a determinado agressor é acelerada ás custas da diminuição dos sistemas de defesa contra outros tipos de agentes.
Fase de exaustão:
Devido à permanência e á intensidade da situação toda a fase de resistência não pode ser mantida e o equilíbrio se rompe.
Doença – morte
Esgotada a capacidade de adaptação organismo caminha para a fase terminal do processo.
Considerando a sociedade como um organismo – podemos dizer que boa parte das pessoas enquadra-se nesta fase quase terminal; tanto nos aspectos orgânicos quanto psicológicos.
A elevada produção de corticóides, glico e mineralocorticóides endógenos responde pela manutenção na fase de contrachoque – (veja em nossos artigos os perigos causados pelo cortisol).
Metabolismo glucídico:
A partir da reação de alarme institui-se uma hiperglicemia de emergência, causada em especial pela descarga de adrenalina, logo pode cair a nível de hipoglicemia de choque, que pode elevar-se novamente na fase de resistência; seguida pela hipoglicemia terminal na fase de exaustão. Não é á toa que vivemos a dança da glicemia seguida de uma “epidemia” de diabetes. Na fase de adaptação a um determinado agente de estresse; depois que a glicemia voltou ao normal; a exposição a outro agente que gera reação de alarme orgânico tende a produzir uma hipoglicemia bem mais severa.
Dores de cabeça persistentes e resistentes a analgésicos comuns; zumbidos, vertigens; queda anormal de cabelo; cansaço crônico; depressão; mal estar e sudorese em repouso; perda de memória; dificuldades visuais; infeções de repetição..., são alguns dos sintomas que sinalizam que a pessoa está vivendo essa fase da SGA. Alerta: ao permanecermos estacionados nessa fase a queda de imunidade é rápida e perigosa – apenas para exemplificar, nunca se viu tantos casos de herpes de pele; candidíase, etc.
As alterações geradas no corpo a partir dessas reações de ataque – defesa – adaptação – esgotamento, são profundas no organismo como um todo.
Os efeitos do estresse crônico também se manifestam no comportamento psicológico das pessoas; o que leva a distúrbios sociais e econômicos graves.
O que ocorre na parte psicológica:
MECANISMOS PSICOLÓGICOS DE ADAPTAÇÃO - DEFESA - EXAUSTÃO
Lado a lado com os mecanismos biológicos que asseguram a saúde; há outros psicológicos que nos mantém equilibrados no pensar, sentir e agir.
Vivemos em sociedade, por isso, estamos em permanente conflito com o ambiente íntimo e externo; de um lado estão nossos impulsos, apetites, desejos, vontades; que numa fase primária de quase – homens, exigem uma satisfação imediata já que são originários das necessidades fisiológicas do próprio organismo exacerbadas pela cultura e hábitos; mas, que logo podem contrapor-se aos interesses dos outros ou do meio, degenerando em conflitos.
Discernir entre necessidade e prazer é um dos nossos dilemas (princípio do prazer a qualquer custo); e as relacionadas ao grupo cultural a que estamos submetidos, e que limitam nossos desejos e ambições (realidade ou verdade).
Todo processo inicia-se na infância; e se bem ou mal conduzido faz toda a diferença. Na gratificação ou frustração dos apetites está o problema ou a solução para a maior parte dos problemas da vida contemporânea; a cada dia quer queiramos quer não, progredimos; aplicar essa nova visão de mundo é a chave para resolver nossos conflitos íntimos e coletivos.
Não é difícil prever que os recursos de auxílio também estão vivendo esse drama; e que breve, nada mais será como antes – apesar de toda tecnologia disponível os tratamentos deixarão de dar resultados e, seja o que Deus quiser.
Claro que há formas de escapar dessa armadilha; porém não será com fórmulas mágicas nem com receitas mirabolantes.
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
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